domingo, 26 de novembro de 2017

Cinema Paraíso - Luís Neiva - Dr. Strangelove (1964)

País: Reino Unido / EUA
Ano: 1964 
Realizado por: Stanley Kubrick 
Argumento: Stanley Kubrick e Terry Southern a partir do romance Red Alert de Peter Georg). Elenco: Peter Sellers, George C. Scott, Sterling Hayden, Keenan Wynn, Slim Pickens, Peter Bull, James Earl Jones e Tracy Reed.

Um psicótico general americano lança um ataque nuclear à Rússia durante a Guerra Fria, ameaçando a vida de toda a humanidade. A razão? Os seus preciosos fluídos corporais.

É esta a premissa sobre a qual Stanley Kubrick constrói Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb, um dos mais controversos filmes anti-guerra da História do Cinema. Foi realizado em 1964, numa altura em que o mundo parecia caminhar para a Terceira Guerra Mundial, menos de 20 anos após a queda de Hitler e do Terceiro Reich. Como foi então possível que Kubrick tenha sido capaz de fazer um filme onde a perspectiva de um Apocalipse nuclear fosse encarada com gargalhadas em vez de um ataque generalizado de pânico? Através de um brilhante sentido de ironia.

Desde as pequenas idiossincrasias de cada personagem – um ex-cientista Nazi cujo braço não esqueceu a sua ideologia passada; um patriótico general Americano tão orgulhoso dos seus pilotos que se esquece que o sucesso da sua missão implica o fim do mundo; um soldado que prefere arriscar a segurança nacional a vandalizar uma máquina de Coca Cola; os presidentes de dois países inimigos a falar ao telefone como um casal de adolescentes apaixonados, etc. – até a one-liners como “Gentleman, you can’t fight in here – this is the War Room”, o filme é uma enorme crítica, plena de sarcasmo, à hipocrisia da Guerra e àqueles que acreditam piamente estarem do lado certo do conflito.

Além de tudo isto, existe uma histórica tripla performance de Peter Sellers como Dr. Strangelove, Group Captain Mandrake e Presidente dos EUA – que, aliás, tinha sido testada dois anos antes em Lolita – e ainda grandes interpretações de George C. Scott e Sterling Hayden.

A filmografia de Stanley Kubrick diz-nos que este era um homem que conhecia o que de pior existe em cada ser humano. Sabia que todos tendemos a cometer os mesmos erros vezes sem conta. Na última cena, ouvimos Very Lynn cantar “We’ll meet again”. Poderá existir mais claro aviso?

9/10


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