domingo, 9 de fevereiro de 2014

8 fórmulas/motivos que fizeram de Alfred Hitchcock o mestre do suspense

Toda a gente conhece Hitchcock. Mesma para quem nunca viu um filme dele (grande erro vosso), a imagem de uma mulher a gritar numa banheira é clássica.
Hitchcock foi um dos primeiros realizadores a explorar a sua própria imagem. "Alfred Hitchcock Presents" é um clássico dentro dos próprios clássicos. O mestre do suspense também celebrizou as cameo appearance - quando um membro da equipa aparece por breves momentos no filme podendo ou não ter um papel relevante para a trama. Não satisfeito ainda começou a fazer umas intervenções antes do inicio dos filmes a explicar as motivações para o ter feito ou usando metáforas entre o filme e a realidade que o rodeava.
Hoje apresento-vos marcos na carreira deste realizador, um dos melhores de sempre.



1 - Inovação

Quando grandes estrelas protagonizam um filme não estamos à espera que morram. Mas se morrerem, o esperado é que seja já no final e provavelmente com uma morte gloriosa e emocional.  
Hitchcock não só quebrou esse método como realizou uma das cenas mais memoráveis da história do cinema. Em Psycho (1960) o cineasta matou a sua protagonista (Janet Leigh) aos 46 minutos de filme. 

2 - Nós sabemos

Nós somos cúmplices do realizador. Em vários filmes Hitchcock apresenta-nos informações preciosas que a personagem não sabe e que provavelmente põe em risco a sua vida se não descobrir a tempo. Em Sabotage (1936) um menino carrega, sem saber, um pacote com uma bomba-relógio. Por várias razões atrasa-se na entrega e é isso que deixa o público em completo suspense. Será que conseguiu entregar a tempo?


3 - Trauma de infância

No livro Hitchcock/Truffaut, o realizador revela que quando era apenas um miúdo o pai pediu-lhe para ir à esquadra da polícia entregar um papel. Nesse papel estava escrito que fosse trancado numa cela e que o policia lhe dissesse "Isto é o que acontece com meninos desobedientes". O cineasta disse que nunca teve tanto medo na sua vida como naquele momento, mas ao mesmo tempo incutiu-lhe o desejo de ter o mesmo efeito em outras pessoas.
Um exemplo deste trauma é demonstrado no filme The Wrong Man (1956) onde pessoas são acusadas injustamente por um crime que não cometeram.


4 - Silêncio

A maioria das pessoas não sabe, mas Hitchcock começou a trabalhar para o cinema criando legendas que simulavam os diálogos em filmes mudos. Foi assim que aprendeu a causar emoção ao público mesmo sem diálogo, usando enquadramentos e cortes precisos. Rope (1948) é um excelente exemplo já que é cheio de cenas contínuas e de cortes disfarçados.


5 - O objecto insignificante

O "MacGuffin". É assim designado ainda hoje o objecto comum que serve apenas para dar um objectivo ao protagonista e gerar suspense, mas que acaba por perder a importância e até fica esquecido com o desenrolar do filme. O site por onde me estou a basear dá o exemplo de um microfone secreto que causa a perseguição em North by Northwest (1959). Confesso que ainda não vi o filme, por isso dou o exemplo de Pulp Fiction (1994). Estão a ver a mala que o Vincent e o Jules vão buscar? É grande "MacGuffin"!


6 - Voyeurismo

Sem a conotação sexual que a palavra tem, o realizador aproveitou várias vezes a ideia de alguém estar a observar situações intimas ou de sofrimento. É de resto o elemento principal para o filme Rear Window (1954) onde o protagonista observa a vida dos seus vizinhos através da sua casa. Em outros filmes o cineasta também fez com o que público visse inúmeras cenas através do ponto de vista do vilão.


7 - Loiras

Kim Novak, Grace Kelly, Janet Leigh, Vera Miles, Tippi Hedren... Hitchcock tinha uma obsessão por actrizes loiras e numa época em que as loiras eram o grande símbolo sexual, o realizador juntou o útil ao agradável fazendo destas mulheres as suas protagonistas. 
Tippi Hedren, protagonista de The Birds (1963) chegou a acusá-lo de assédio sexual, mas esse lado do realizador nunca chegou a ser provado.


8 - Mulheres

Num discurso de agradecimento o realizador fez questão de agradecer às quatro mulheres da sua vida: "Uma é guionista, outra é editora, outra é a mãe da minha filha e a última é a melhor cozinheira que já existiu.". Todas estas mulheres têm apenas um nome, Alma Reville. A sua amada esposa que consertava erros de edição e continuidade e ainda foi guionista em filmes como Shadow of a Doubt (1943).


Fontes: http://mundoestranho.abril.com.br/ e Hitchcock/Truffaut