terça-feira, 8 de abril de 2014

Sergio Leone


Sergio Leone foi um realizador italiano com pouca, mas marcante obra, deixando o seu nome gravado para sempre através do western spaghetti.

Nasceu em 1929 e é filho de Vicenzo Leone a.k.a. Roberto Roberti, um dos primeiros realizadores italianos, e de Bice Valerian, uma estrela do cinema mudo. 
Sendo criado no cinema, desde cedo se interessou por esta arte. Com 18 anos era assistente de realização de Vittorio De SicaLuigi Comencini e Mervyn LeRoy.
Assim continuou a sua carreira, fazendo parte de algumas equipas técnicas de renome, tendo inclusive feito parte de Ben-Hur (1959)

Em 1960 Leone arrisca pela primeira vez na realização com Il colosso di Rodi, mas é apenas em 1964, aos 35 anos, que alcança o sucesso ao adaptar Yojimbo, um filme de Akira Kurosawa, para um western. É desta forma que nasce Per un pugno di dollari/Por um punhado de dólares, o primeiro da trilogia dos dólares, estrelado pelo até então pouco conhecido Clint Eastwood.

Estava pela primeira vez reunida uma das melhores equipas do cinema: Sergio Leone, Clint Eastwood e o compositor Ennio Morricone, que continuariam a trabalhar juntos em Por qualche dollaro in più/Por mais alguns dólares e Il buono, il brutto, il cattivo/O bom, o mau e o vilão.


Em 1968, já consagrado internacionalmente, começa a preparar o seu projecto mais ambicioso, a trilogia "Era uma vez...": C'era una volta il West/Aconteceu no Oeste, e Giù la testa/Aguenta-te, Canalha são os primeiros filmes da trilogia. Depois disso, Leone trabalhou durante 13 como produtor e finalmente, em 1984 lança no Festival de Cannes Once Upon a Time in America/Era uma vez na América, finalizando assim a segunda trilogia. Curiosamente este filme, o único que não é um western, é considerado por muitos críticos o melhor trabalho do realizador que ficou célebre por aquele estilo.



Once Upon a Time in America/Era uma vez na América foi o último filme do realizador que durante anos contrariou o cinema italiano, famoso pelos filmes satíricos de Federico Fellini

Sergio Leone faleceu a 30 de Abril de 1989 e é hoje visto como um dos maiores realizadores de sempre, sendo inclusive uma referência para Quentin Tarantino ou Roberto Rodriguez.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Orson Welles



Orson Welles foi o maior e mais sortudo dos azarados. Foi reconhecido tardiamente, não foi muito bem sucedido em bilheteiras e sofreu com a falta de liberdade criativa que os estúdios concediam. No entanto, e para contrastar todo este período que penalizou o cinema de Hollywood, também foi ele o homem que realizou, protagonizou, produziu e co-escreveu Citizen Kane (1941). De relembrar que apenas Charles Chaplin tinha tal poder e liberdade naquela altura. Qual terá sido a razão para a RKO Pictures abrir este precedente? Uma pergunta que até hoje não tem uma resposta concreta.

Nasceu a 6 de Maio de 1915 em Winsconsin, é filho de um abastado inventor e de uma pianista. Desde cedo mostrou dotes para as artes. Música, teatro, pintura, magia e literatura (principalmente obras de Shakespeare) fizeram com que fosse considerado uma criança prodígio.
Após a morte dos seus pais, e não querendo seguir os estudos no ensino superior, juntou-se ao grupo teatral Dublin’s Gate Players e foi assim, na Irlanda que começou oficialmente a sua carreira.

Algum tempo depois de iniciar a sua carreira no teatro, juntou-se a John Houseman para fundar o grupo Mercury Theatre. Começaram a actuar em várias radionovelas e os seus nomes começaram a circular. Orson Welles ganhou especial prestigio depois de um desempenho tremendo em A Guerra dos Mundos de H. G. Wells e Hollywood chamou por ele.

Foi dada ao jovem realizador total liberdade criativa e assim nasceu Citizen Kane (1941) um filme que hoje tem um estatuto único no mundo.
Se olharmos para os grandes nomes da época como Victor Fleming (Gone with the Wind 1939) ou Michael Curtiz (Casablanca 1942), percebemos porque razão Orson Welles se superiorizou e é hoje visto como um cineasta maior. 

O filme inovou principalmente na narrativa (começa com a morte do protagonista), e no enquadramento (pela primeira vez foi mostrado o tecto do cenário). Como Scorsese descreveu "Orson Welles dançou com a câmara como ninguém tinha feito antes".
De relembrar que Welles tinha apenas 26 na altura.


Apesar deste sucesso inicial, Welles nunca mais foi contratado por nenhum grande estúdio. O realizador queria a liberdade que lhe foi oferecida anteriormente mas os estúdios não o permitiam. Um bom exemplo desta guerra constante é o filme Touch of Evil (1958): Depois de terminar as filmagens em 1957, o estúdio gravou cenas adicionais e editou à sua maneira. Ao ver o resultado, Welles reagiu com um memorando de 58 páginas, pedindo alterações à montagem.

Apesar de tudo isto a maioria dos seus filmes, mesmo que filmados por estúdios menores, têm  hoje o reconhecimento do público. The Magnificent Ambersons (1942)The Stranger (1946)The Lady from Shanghai (1947), (filme noir protagonizado por Welles e pela sua esposa Rita Hayworth) ou Mr. Arkadin (1955) são algumas das sugestões do Cinema Sem Lei.

Começou a ser esquecido e para dar um exemplo das condições precárias com que trabalhou, "Don Quijote de Orson Welles" demorou mais de dez anos para estar pronto e apenas uma cópia do filme foi lançada. Depois de anos a lutar contra os estúdios, veio para a Europa, aceitando voltar a Hollywood uns anos depois e trabalhando maioritariamente como actor. 
A sua voz e presença, mesmo que em papeis mais pequenos, nunca passaram despercebidas do público. O seu último trabalho foi dobrar a voz do planeta Unicron para o filme The Transformers: The Movie (1986). 

Faleceu a 10 de Outubro de 1985 de ataque cardíaco na sua casa na Califórnia.