terça-feira, 1 de abril de 2014

Orson Welles



Orson Welles foi o maior e mais sortudo dos azarados. Foi reconhecido tardiamente, não foi muito bem sucedido em bilheteiras e sofreu com a falta de liberdade criativa que os estúdios concediam. No entanto, e para contrastar todo este período que penalizou o cinema de Hollywood, também foi ele o homem que realizou, protagonizou, produziu e co-escreveu Citizen Kane (1941). De relembrar que apenas Charles Chaplin tinha tal poder e liberdade naquela altura. Qual terá sido a razão para a RKO Pictures abrir este precedente? Uma pergunta que até hoje não tem uma resposta concreta.

Nasceu a 6 de Maio de 1915 em Winsconsin, é filho de um abastado inventor e de uma pianista. Desde cedo mostrou dotes para as artes. Música, teatro, pintura, magia e literatura (principalmente obras de Shakespeare) fizeram com que fosse considerado uma criança prodígio.
Após a morte dos seus pais, e não querendo seguir os estudos no ensino superior, juntou-se ao grupo teatral Dublin’s Gate Players e foi assim, na Irlanda que começou oficialmente a sua carreira.

Algum tempo depois de iniciar a sua carreira no teatro, juntou-se a John Houseman para fundar o grupo Mercury Theatre. Começaram a actuar em várias radionovelas e os seus nomes começaram a circular. Orson Welles ganhou especial prestigio depois de um desempenho tremendo em A Guerra dos Mundos de H. G. Wells e Hollywood chamou por ele.

Foi dada ao jovem realizador total liberdade criativa e assim nasceu Citizen Kane (1941) um filme que hoje tem um estatuto único no mundo.
Se olharmos para os grandes nomes da época como Victor Fleming (Gone with the Wind 1939) ou Michael Curtiz (Casablanca 1942), percebemos porque razão Orson Welles se superiorizou e é hoje visto como um cineasta maior. 

O filme inovou principalmente na narrativa (começa com a morte do protagonista), e no enquadramento (pela primeira vez foi mostrado o tecto do cenário). Como Scorsese descreveu "Orson Welles dançou com a câmara como ninguém tinha feito antes".
De relembrar que Welles tinha apenas 26 na altura.


Apesar deste sucesso inicial, Welles nunca mais foi contratado por nenhum grande estúdio. O realizador queria a liberdade que lhe foi oferecida anteriormente mas os estúdios não o permitiam. Um bom exemplo desta guerra constante é o filme Touch of Evil (1958): Depois de terminar as filmagens em 1957, o estúdio gravou cenas adicionais e editou à sua maneira. Ao ver o resultado, Welles reagiu com um memorando de 58 páginas, pedindo alterações à montagem.

Apesar de tudo isto a maioria dos seus filmes, mesmo que filmados por estúdios menores, têm  hoje o reconhecimento do público. The Magnificent Ambersons (1942)The Stranger (1946)The Lady from Shanghai (1947), (filme noir protagonizado por Welles e pela sua esposa Rita Hayworth) ou Mr. Arkadin (1955) são algumas das sugestões do Cinema Sem Lei.

Começou a ser esquecido e para dar um exemplo das condições precárias com que trabalhou, "Don Quijote de Orson Welles" demorou mais de dez anos para estar pronto e apenas uma cópia do filme foi lançada. Depois de anos a lutar contra os estúdios, veio para a Europa, aceitando voltar a Hollywood uns anos depois e trabalhando maioritariamente como actor. 
A sua voz e presença, mesmo que em papeis mais pequenos, nunca passaram despercebidas do público. O seu último trabalho foi dobrar a voz do planeta Unicron para o filme The Transformers: The Movie (1986). 

Faleceu a 10 de Outubro de 1985 de ataque cardíaco na sua casa na Califórnia.




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