O que foi a Nouvelle Vague?
Foi um novo movimento artístico que nasceu em 1958 na França. O nome foi lançado por Françoise Giroud e surgiu como uma reacção contrária às notáveis produções encomendadas pelos grandes estúdios.
A revista Cahiers du cinéma (“cadernos de cinema”) - considerada a bíblia da crítica à sétima arte - inspirou jovens críticos que depois de alguns anos a esmiuçar o cinema de Hollywood, decidiram pôr mãos à obra e criar os seus próprios estilos. Em comum tinham o desejo da autonomia criativa, retratando questões pessoais e quotidianas, fazendo assim deste movimento uma resposta mais pessoal e barata - o chamado "cinema de autor".
Características:
- Produções baratas (muitas vezes financiadas pelos próprios realizadores);
- Actores pouco conhecidos;
- Filmagens na rua;
- Rompimento da narrativa linear tradicional (idas e vindas no tempo);
- Liberdade estética (cortes repentinos e câmara em qualquer ângulo ou posição);
- Temas quotidianos e tabus;
- Personagens à margem da sociedade (criminosos, adúlteros, rebeldes...).
Grandes Nomes:
O Veterano Jean-Luc Godard
O mais inovador e produtivo deste movimento, mas também acusado como um dos responsáveis pelo seu fim, após um desentendimento com o seu grande amigo François Truffaut.
É ainda hoje considerado o maior mito vivo do cinema francês. Continua a trabalhar e a sua última obra é "Adieu au langage" (2013).
Principais filmes:
À bout de souffle (1960), Une femme est une femme (1961) Vivre sa vie: Film en douze tableaux (1962), Pierrot le fou (1965) e Alphaville, une étrange aventure de Lemmy Caution (1965).
O Ícone François Truffaut
Ao lado de Godard foi o principal nome da Nouvelle Vague. Teve uma infância conturbada e na adolescência foi acolhido por André Bazin, renomado e influente critico de cinema e editor-chefe da Cahiers du Cinéma.
Aos 25 anos, Truffaut já tinha visto mais de 3 mil filmes e a sua primeira longa metragem "Les quatre cents coups" (1959) venceu o Festival de Cannes.
Principais Filmes:
Les quatre cents coupe (1959), Tirez sur le pianiste (1960), Jules et Jim (1962), L'enfant sauvage (1970) e L'homme qui aimait les femmes (1977).
O Substituto Eric Rohmer
Após a morte de André Bazin - que morreu jovem aos 40 anos - Eric Rohmer foi o primeiro dos jovens críticos a tornar-se director editorial do "Cahiers du Cinéma" em 1958.
É o típico caso do sucesso após anos de trabalho. Durante o auge da Nouvelle Vague, Rohmer não era apreciado, mas a década de 70 trouxe justiça e reconhecimento e hoje em dia Eric é um dos membros mais apreciados.
Principais Filmes:
Le signe du lion (1959), La collectionneuse (1967), Ma nuit chez Maud (1969), Le genou de Claire (1970) e Pauline à la plage (1983).
O Polémico Jacques Rivette
Foi com a adaptação de uma peça de Diderot - La religieuse - que chegou ao sucesso.
A história de uma jovem freira perseguida pelas suas superiores foi considerado um tema chocante para a França, mas ajudou a quebrar alguns tabus da época. O filme foi tão irreverente, que chegou a ser proibido e diversos países.
Com o fim do movimento, Rivette migrou para a TV.
Principais Filmes:
La religieuse (1966), L'amour fou (1969), Céline et Julie vont en bateau - Phantom Ladies Over Paris (1974), La bande des quatre (1989) La belle noiseuse (1991).
O Pioneiro Claude Chabrol
Graças a uma herança, Chabrol foi o primeiro do grupo a conseguir rodar um filme, em 1958.
Os seus primeiros trabalhos têm um tom sóbrio e de suspense e chegou a suspender a sua carreira nos anos 60.
Com as revoltas estudantis de 68, o realizador ganhou novo fôlego e regressou em grande com alguns dos seus maiores sucessos.
Principais Filmes:
Le beau Serge (1958), La femme infidèle (1969), Que la bête meure (1969), Le boucher (1970) e Une affaire de femmes (1988).
O Legado
A geração de 60 e 70 consolidou o cinema independente americano graças à Nouvelle Vague. Realizadores como Martin Scorsese, Francis Ford Copolla ou George Lucas, pegaram na ideia "uma câmara na mão, uma ideia na cabeça" e são hoje alguns dos melhores exemplos da influencia deste movimento.
Também Quentin Tarantino é um apreciador do Nouvelle Vague. O nome da sua produtora, "A Band Apart" é retirado de um filme de Godard e alguns dos diálogos do filme "Pulp Fiction" são inspirados no filme À bout de souffle (1960), também ele de Jean-Luc Godard.
Fontes: Mundo Estranho, Wikipédia
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