terça-feira, 31 de outubro de 2017

The Man Who Knew Too Much - João Correia

Cinema Sem Lei: Qual é o teu filme favorito?
João Correia: Casablanca. É aquele que gosto mais dentro dos meus favoritos.

CSL: Um filme a preto e branco, de 1942. Alguma vez notaste essa repulsa, na nossa geração, com os filmes antigos?
JC: Sim, já notei. Quando falo com os meus colegas sobre cinema começam a gozar comigo por ver filmes a preto e branco. Acho que há um preconceito instalado na nossa geração (em grande parte dela), que por um filme ser a preto e branco, o estilo de imagem, os tipos de actuações e essas coisas serem diferentes aos de hoje é considerado um tipo de cinema inferior... Muitas vezes nem é por mal, é mesmo por falta de conhecimento e dificuldade de acesso a estes. Eu próprio, antes de começar a ver filmes antigos, tinha uma certa resistência a estes, mas quando comecei a ver, fiquei um completo viciado e procuro, de todas as formas, junto aos meus amigos e familiares inverter este tipo de preconceito.

CSL: Casablanca é um dos filmes mais icónicos e citados de sempre. Qual é a tua quote ou cena favorita?
JC: Tenho duas cenas favoritas: Quando a Ilsa pede ao Sam para tocar a As Time Goes By e a cena da La Marseillaise. A cena final também é maravilhosa. É muito difícil para mim escolher uma só.



CSL: Casablanca é um drama sobre guerra e também um romance. É esse o género de filmes que mais gostas?
JC: Gosto de diversos géneros, vejo todo o tipo de cinema, à excepção de filmes de terror... Adoro drama, romance, mas também adoro suspense, animação, comédia, etc.

CSL: Quando começou o teu interesse por cinema?
JC: Desde pequenino que gosto de cinema, mas intensificou-se há três anos. Uma amiga minha começou a recomendar filmes antigos e a partir daí nunca mais deixei de ver. Vi perto de 700 filmes desde aí. Foi de descoberta em descoberta. Já tive fases de cinema americano, francês, italiano, japonês, chinês e português.

CSL: Qual foi o último filme português que viste?
JC: Um Filme Falado do Manoel de Oliveira. Esse ou O Pátio das Cantigas, já não me lembro bem.

CSL: O original ou o remake?
JC: O original. Não vi nenhum dos remakes que fizeram dos clássicos portugueses.

CSL: Qual é a tua opinião sobre o cinema português? Temos uma nova geração de realizadores e público que estão a dar uma nova vida ao nosso cinema, mas a verdade é que em última instância, entre uma comédia romântica de qualidade duvidosa ou um filme português, escolhem a primeira opção. O que falha?
JC: Primeiro, acho que o cinema português é desprezado por grande parte dos portugueses e esses remakes só tiveram sucesso porque são puramente comerciais, plásticos, baseados em filmes que fazem parte de diversas gerações de portugueses. O nosso país, em termos de cinema, é muito americanizado e talvez seja por isso que, qualquer filme português, tenha grandes dificuldades em se afirmar... É uma pena, porque há muito bom cinema por aí... Tabu, por exemplo, é um dos filmes que mais gosto, é de uma beleza indescritível e que todos os portugueses deveriam conhecer. A maior parte dos portugueses só vê filmes americanos.

CSL: Então o que deve fazer o cinema português para se popularizar? Ser mais americano ou manter-se fiel e esperar que a adaptação seja do público?
JC: Deve haver uma maior promoção do nosso cinema. Não se deve americanizar. O cinema de cada país tem a sua marca, a sua identidade e é isso que os torna únicos e distintos... Em Portugal, o que falta mesmo, é conhecimento do nosso cinema.

CSL: Já falámos no Tabu, consegues sugerir mais dois ou três filmes portugueses para os nossos seguidores verem?
JC: Para além do Tabu, os meus filmes portugueses são: Os Verdes Anos, a Comédia de Deus e a Viagem ao Princípio do Mundo. Também adoro a Canção de Lisboa.

Tabu (2012) - Miguel Gomes

CSL: Se trabalhasses no cinema que função gostavas de assumir?
JC: Não sei, talvez realizador, apesar de não ter formação na área. É um sonho que não se irá cumprir...

CSL: Hoje em dia podes fazer filmes com telemóveis. Achas que essa pode ser uma das razões para a perda de popularidade do cinema? Praticamente qualquer um pode fazer um filme independente. O cinema está mais democrático e isso pode trazer coisas boas e más.
JC: Acho que o cinema continua popular, especialmente aquele que é feito para as massas. Há filmes independentes bons e maus, é como tudo, mas no geral, acho que é uma boa forma de inovação.

CSL: Vais com regularidade ao cinema?
JC: Não vou tantas vezes como queria, mas costumo ir 3 a 4 vezes por ano. O cinema mais próximo fica um bocado longe da minha zona.

CSL: O que te leva a ver um filme no cinema?
JC: Costumo ir ao cinema com amigos, por isso acabo sempre a ver filmes de super-heróis, que gosto relativamente. Há filmes de super-heróis que são muito bons e outros em que fica um sabor a nada.

CSL: Os filmes de super-heróis nunca estiveram tão na moda como hoje em dia. Ainda prevês uma vida longa para este cinema?
JC: Penso que ainda dure uns anos, as pessoas ainda não se cansaram deste tipo de filmes.

CSL: Para finalizar, escolhe:
- um filme que te emocionou;
- um que te fez rir;
- um que mudou a tua vida;
- um que vale a pena rever todos os anos;
JC: - Umberto D.
- Some Like it Hot
- Casablanca
- It's a Wonderful Life


João Correia
22 anos
Solicitador estagiário