sexta-feira, 25 de maio de 2018

The Man Who Knew Too Much - João Ricardo

Cinema Sem Lei: Quem é o teu realizador preferido?
João Ricardo: O meu realizador preferido é o Tarkovsky. Adoro a forma como transmite tanta textura e poesia com as suas imagens

CSL: Como descobriste esse realizador? 
JR: Recomendação de amigos cinéfilos.

CSL: Tarkovsky não é um realizador de fácil acesso. Que realizadores seguias antes de chegares a ele?
JR: Antes de conhecer o Tarkovsky, via filmes daqueles grandes nomes que são clássicos do cinema como o Tarantino, o Scorsese, o Spielberg, o J.J. Abrams e o Peter Jackson, entre outros.
Ao longo  do tempo, fui me interessando pelos clássicos do Orson Welles e do Hitchcock e a partir daí fui expandindo o meu conhecimento na área.

CSL: O que achas dos filmes de hoje comparando com esses clássicos?
JR: Hoje em dia há uma maior predominância dos filmes mais comerciais, contudo  existem sempre excelentes filmes que se tornaram clássicos ou filmes de culto. 
Temos o caso do Christopher Nolan, do Yorgos Lanthimos e o Wes Anderson que têm vindo a realizar bons filmes ao longo desta década. Em todos  os pomares há colheitas soberbas e frutos podres.

CSL: Vês influências de Tarkovsky em algum realizador da actualidade?
JR: É óbvia  a influência  do cinema de Tarkovsky nos filmes do Lars Von Trier. Inclusive, o Lars até dedicou o seu filme Anticristo ao realizador russo. No entanto, deve haver uma panóplia de realizadores que contam com o Tarkovsky na sua lista de influências.

Andrei Tarkovsky

CSL: Como consequência dessa influência, também gostas dos filmes do Lars ou fazes uma distinção?
JR: Claramente que existe uma distinção entre os dois. Cada um com o seu estilo peculiar  e abordagens de temáticas distintas, apesar da influência do Tarkovsky no trabalho do Von Trier
O Lars consegue ser mais cru e por vezes mais intenso e duramente trágico que o Tarkovsky, que opta por adornar as suas filmagens com uma aura mais poético. Aliás, os próprios filmes do Tarkovsky até têm poemas do pai que são extremamente adequados ao filme e incrivelmente belos.

CSL: O que achas da migração de alguns realizadores de cinema para as séries e para o Netflix ou HBO? Achas que acontece porque o cinema "clássico" está realmente a morrer ou é apenas mais uma arma que podem utilizar?
JR: Não acho que o cinema "clássico" esteja a morrer, acho que essa migração apenas é mais uma forma dos realizadores de cinema expandirem os seus conhecimentos e de experimentarem cenários  novos direccionados a públicos novos.  Acho que existe uma diferença entre as pessoas que seguem religiosamente séries e as que preferem ver filmes. Ambas as experiências têm as suas pequenas particularidades e criar uma história para uma série é diferente de inventar uma para um filme, a meu ver. Já para não falar que o conteúdo  de uma plataforma de streaming como o Netflix é de mais fácil acesso comparativamente ao cinema.

CSL: Com as referências que me dás, pareces ser dos que preferem ver filmes. No entanto, tens alguma série que recomendes? Se sim, porquê?
JR: Sim, eu tendo a preferir cinema, contudo já fui grande fã de séries. Recomendaria a toda a gente Hannibal. Penso que a série, além de estar super conseguido em termos estéticos e de filmagem, apresenta um enredo interessantíssimo e o acting do Mads Mikkelsen é algo de outro nível! O charme e a personalidade... incrível!

Hannibal (2013 - 2015)

CSL: Quais são as outras personagens de cinema que mais te marcaram?
JR: Várias personagens me foram marcantes mas há duas que se destacam: primeiramente, a personagem principal do filme Holy Motors do Leos Carax, que está constantemente a encarnar um indivíduo diferente em cada parte do filme. Acho que essa me marcou pois o ator, Denis Lavant, mostrou-se incrivelmente versátil e com uma perfeição tal que cada personagem representada nessa película foi intensa e super realista.
De seguida, o Alex DeLarge do Clockwork Orange. É simplesmente uma personagem icónica  da história do cinema pela sua performance e pela visceralidade que conseguiu apresentar no ecrã.

CSL: Há algum género que não gostes particularmente?
JR: Não sou particularmente fã de cinema de terror ou de gore. Para mim não tem grande interesse, uma vez que não estou à procura de me sentir assustado ou perturbado enquanto vejo um filme. Acho que foram muitos poucos os filmes de terror que vi. Surpreendentemente, é um dos géneros de cinema com mais adeptos pelo que vejo.

CSL: O que é mais importante para ti quando vês um filme?
JR: Acho que cada filme tem algum aspecto que se sobressai: por exemplo, o Twelve Angry Men é um exemplo de um enredo inigualável e super bem conseguido; já o Mirror do Tarkovsky tem uma das melhores realizações que eu já tive a oportunidade de ver. Acima de tudo, tento procurar filmes que consagrem um balanço entre vários aspectos, como o acting, o enredo, a direcção e realização, fotografia e banda sonora... Como fã ávido de fotografia, aprecio bastante filmes com direcções de fotografia exímios e criativos.

CSL: Consegues dar dois ou três exemplos de filmes que sejam conhecidos pela fotografia?
O Sétimo Selo e o Persona do Ingmar Bergman. Para além dos enredos fantásticos, acho que têm excelente fotografia e também são apreciados por isso.

CSL: Para terminar:
- um filme que te emocionou;
- um que te fez rir;
- um que mudou a tua vida;
- um que vale a pena rever todos os anos;
JR: - Cinema Paradiso
- Monty Python and the Holy Grail
- Holy Motors
- Submarine

João Ricardo
19 anos
Ciências da Computação




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