sábado, 6 de janeiro de 2018

Review: The Florida Project (2017)

The Florida Project (2017)

The Florida Project é um retrato dos subúrbios americanos. Sean Baker, o mesmo realizador de Tangerine (2015) (o famoso filme que foi filmado com um iPhone 5) levou-nos novamente para o mundo que nos habituou. 

Moonee (Brooklynn Kimberly Prince), uma criança de seis anos, maria-rapaz e líder do seu grupo de amigos, vive com a mãe, Halley (Bria Vinaite), num motel. Não existem regras, as crianças brincam sozinhas na rua sem qualquer tipo de acompanhamento e a mãe consegue ser tão ou mais infantil do que a filha. Vivem uma semana de cada vez, sem projectos e responsabilidades. Todo o filme é tenso. As asneiras das crianças, as melhores amigas que se tornam inimigas ou a necessidade de arranjar dinheiro para não serem expulsas. Para contrastar com tudo isto, bem perto deste motel está a Disney World, o mundo da fantasia onde nada corre mal.

De salientar a excelente escolha de actores. Parabéns para Carmen Cuba, a directora de casting. É o primeiro filme de Bria que está muito convincente, mas é para Brooklynn (segundo filme) que vão todos os olhares. Este papel foi tão natural que não sei até que ponto algumas frases foram puro improviso. Escrito ou não, a pequena actriz deixou-me completamente rendido. Para combater este elenco desconhecido, Willem Dafoe surge como o gerente do motel. Percebe-se a escolha (actor famoso = mais público), mas acaba por ser um corpo estranho no meio daquele elenco. É como se eu quisesse fazer um filme com os meus amigos de infância e chamasse o Ivo Canelas para um papel secundário. Não tenho a mínima dúvida de que o Ivo desempenharia o papel muito bem, mas haveria sempre um "quê" de estranheza.

Deste vez não usaram um telemóvel para filmar, mas o estilo continua lá. Muita câmara à mão, que combina perfeitamente com o filme. No entanto há dois pontos que lamento:
- Não exploraram devidamente o contraste entre a Disney World e o motel;
- O final, que é compreensível, foge completamente ao estilo realista que o filme estava a ter até então. E não estou a falar do argumento, mas sim da maneira como foi editado.

Se são fãs de cinema independente aqui está um bom exemplo. Mas ainda não percebi se aquele final tem força para o tirar do meu top 3 de 2017.

7/10


0 comentários:

Enviar um comentário